atencaoVárias são as razões apontadas pelos alunos para justificar o seu insucesso escolar, entre elas as matemáticas inultrapassáveis, os professores difíceis e os testes que aparecem sempre na pior altura.
A verdade é que as dificuldades mais estudadas na atualidade referem-se a questões relativas à Atenção, Concentração e Memória. A solução para a falta de atenção, dificuldades de concentração e problemas de memória é simples: Treino! Todas as nossas competências podem e devem ser treinadas por forma a colmatar as falhas verificadas e potenciar as capacidades inerentes.
Frequentemente ouvimos os alunos falar da dificuldade em manter a atenção em sala de aula ou a concentração no estudo e que tantas vezes, chegados ao fim do dia, pouco se recordam do que foi falado na aula. Vários são os elementos internos e externos que contribuem para este panorama:
- Elementos de distração internos: Preocupações do próprio aluno com questões externas à escola, ansiedade perante a avaliação, pensamentos divergentes, questões sociais ou relacionais.
- Elementos de distração externos: Ambiente de estudo desadequado, com pouca iluminação; ambiente com barulhos de televisão, computador e telemóveis ou o simples facto de o estudante ter demasiados objetos na sua mesa de trabalho, objetos esses que muitas vezes são desnecessários e só alimentam a distração (exemplo: canetas com várias cores que o aluno tende a alternar com demasiada frequência).
É natural que no nosso ambiente existam elementos externos que não poderemos controlar, como o barulho de carros, o toque de uma campainha ou o ladrar do cão de uma vizinha. Assim sendo, é importante que tomemos as rédeas dos elementos de distração que se encontram sobre o nosso controlo. Todos nós temos preocupações ou assunto pendentes, mas é imperativo que no momento de estudo o foco e a atenção estejam totalmente direcionados para a tarefa em mãos.


Quanto ao local de estudo há que ter em atenção que este deve ser destinado exclusivamente ao estudo e a tarefas escolares; confortável e com boa iluminação; onde se encontre apenas o material estritamente necessário para o estudo e um local no qual o estudante não seja interrompido.
O tempo de concentração ou atenção de qualidade varia de pessoa para pessoa e sobretudo é uma capacidade que melhora com o tempo e o treino. Desta forma, inicialmente é importante que o estudo seja feito em períodos curtos de tempo e com pausas não superiores a 10 minutos, para não perdermos o ritmo! Uma forma de manutenção da concentração é a definição de objetivos específicos para cada tempo. Por exemplo: o aluno define que começará por ler e sublinhar as 3 páginas dadas na aula de hoje e fazer o respetivo resumo e que quando terminar fará uma pausa para comer um pequeno lanche e regressar ao estudo.
Com a prática, o estudante conseguirá manter a concentração por períodos mais prolongados de tempo e que o fará com maior facilidade.
Naturalmente que em casa, com um ambiente controlado, é mais fácil isolar os estímulos e distrações, mas tal não é possível numa sala de aula com mais duas ou três dezenas de colegas. Aqui, a capacidade de concentração do aluno é de facto posta à prova. A aula é um dos momentos cruciais não só para a aprendizagem, mas para a organização do próprio estudo, isto porque aqui o aluno:
• Pratica competências como a memória auditiva: memorizamos muito mais do que damos conta, apenas a partir daquilo que ouvimos;
• Facilita a organização do estudo a partir da estrutura com que o professor leciona a aula;
• Ajuda na sinalização das matérias ou pontos de maior importância ou que o professor indica como certas para o teste;
• Treina a sua própria organização pois terá de gerir o seu tempo entre ouvir a informação e coloca-la no seu caderno;
• Os apontamentos terão mais significância pois são criados pelo próprio aluno;
• O aluno tem a oportunidade de tirar dúvidas com o professor.
Estar atento e concentrado são condições basilares para a memorização, que por sua vez é condição essencial para o estudo. Pequenos ajustes nos hábitos de estudo ajudam o aluno a ver melhorias significativas no seu rendimento escolar.
De que forma podes incrementar a tua capacidade de memorização? Estas são algumas sugestões de estratégias que facilitam a recordação:
• Organiza e planifica as sessões de estudo com objetivos específicos;
• Lê, sublinha e faz resumos a partir dos apontamentos tirados em sala de aula e das informações selecionadas do manual;
• Não avances para uma matéria sem ter compreendido a anterior;
• Em caso de dúvida poderás sempre pesquisar na internet ou em livros da biblioteca;
• Toma atenção aos títulos, subtítulos e fórmulas, muitas vezes são as palavras-chave que te ajudam a recordar;
• Exercita a elaboração de esquemas ou diagramas! Apenas com imagens e um conjunto de palavras-chave conseguirás recordar matérias completas;
• Lê em voz alta;
• Explica o que aprendeste a outro colega, não só vais praticar as tuas respostas, mas também o raciocínio lógico, o encadeamento de ideias e poderás sempre testar os teus conhecimentos com as dúvidas do teu colega.
São inúmeras as formas de organização, planificação e avaliação do estudo, entre elas o PLEMA, constituído por um conjunto de técnicas de estudo que facilitam a assimilação dos conteúdos com maior rendimento e menor fadiga.
Este método é composto pelas seguintes etapas:
Pré-leitura: Começa por uma primeira leitura rápida e global, para que fiques com uma noção geral do tema e da mensagem. Frequentemente esta primeira leitura é feita em sala de aula em conjunto com o professor, a partir da qual o aluno retém normalmente algumas palavras-chave e a temática central.
Leitura: Esta segunda leitura deve ser feita num ritmo pausado, se possível em voz alta e parágrafo a parágrafo. Não deves avançar para o parágrafo seguinte se o anterior não foi totalmente compreendido. Estas dúvidas que são arrastadas de página para página só aprofundam a tua incerteza e acabam por te desmotivar. Nesta fase é importante também, que ao longo da leitura, vás sublinhando as ideias principais.
Esquematização: Depois de lida e relida a matéria e de sublinhadas as noções principais, é importante que todas estas “ideias soltas” sejam unificadas de forma organizada. Esta organização varia de estudante para estudante: há alunos que preferem escrever resumos, outros que optam por mapas conceptuais ou esquemas, outros que preferem copiar ou passar a limpo os apontamentos da aula. Qualquer que seja a técnica utilizada, o importante é que de facto esta seja a mais adequada às características do aluno.
Memorização: A memorização é consolidada por dois processos base: repetição e compreensão. Após selecionares e organizares a informação, lê e relê em voz alta os resumos que fizeste, por períodos curtos de tempo. Depois faz uma pequena pausa e verifica o quanto te recordas do que foi lido. Podes mesmo escrever algumas perguntas-base para avaliar se focas todos os pontos essenciais da resposta e se a consegues estruturar com facilidade. Poderás também escrever num quadro ou numa folha pequena palavras e ligações conforme verbalizas a tua resposta. Nesta fase é também frequente recorrer-se a mnemónicas. Lembra-te: memorizar não é decorar, é essencialmente compreender. Se compreenderes verdadeiramente a informação terás muito mais facilidade em recorda-la e essa aprendizagem manter-se-á a médio e longo prazo.
Autoavaliação: Escrever ou dizer em voz alta, por palavras próprias as ideias principais retidas do esquema ou resumo exercita não só a capacidade de discurso e qualidade de resposta, como é um bom reforço através a memorização auditiva. O objetivo desta fase é avaliar aquilo que no momento o aluno sabe e se consegue expressar essa informação de forma clara, coerente, organizada e encadeada.
Coloca em práticas estas sugestões e verás o teu esforço recompensado! Mas lembra-te: estas estratégias são para serem aplicadas durante todo o ano e não apenas na semana em que tens teste. Procura criar hábitos, rotinas e horários para que o estudo se torne parte do teu dia-a-dia de forma positiva!

Artigo de Cristina Morais, psicóloga educacional e do desenvolvimento/GAP da ARF