As metodologias de estudo são tantas e tão variadas quanto os alunos quiserem, mas a verdade é que estudar é muito mais do que olhar várias horas seguidas para os livros e decorar textos completos ditados em sala de aula pelos professores.
O método de estudo deve ser escolhido pelo aluno de acordo com os conhecimentos que tem de si próprio, ou seja, devemos apelar às competências específicas de cada estudante, tais como a memória auditiva, memória visual, esquematização, reprodução ou cópia, por forma a potencializar o tempo dedicado ao estudo.
Ainda que não exista uma fórmula de sucesso infalível, existem já diversos artigos que apontam métodos eficazes para auxiliar os alunos na hora do estudo.
Na revista científica Psychological Science in the Public Interest, pertencente à Association for Psychological Science, foi publicado, em janeiro de 2013, um artigo com as 10 técnicas de estudo mais eficazes para os estudantes. Este artigo, da autoria do professor John Dunlosky, do Departamento de Psicologia da Kent State University, sugere uma reaprendizagem da forma como encaramos o estudo.
Toma nota das seguintes 10 técnicas:
1) Sublinha o que é importante: O primeiro passo é reler os apontamentos feitos em sala de aula e os textos dos manuais. Naturalmente, na primeira leitura há muita informação que nos escapa e que precisa ser selecionada. Numa segunda leitura, sublinha com uma cor apelativa as informações mais relevantes. Aconselha-se a utilização de apenas uma cor, pois o excesso de cores diferentes conduz à distração.
2) Faz Resumos: Depois da informação filtrada e selecionada, é importante que faças resumos. O resumo apela a várias competências: à produção de texto, à cópia de nomes ou termos mais revelantes e ao exercício da memória visual. Na produção do novo texto, é importante que este seja curto, com as ideias encadeadas e sendo um texto produzido pelo próprio estudante, terá uma maior significância e consequentemente será mais facilmente recordado. Este exercício facilitará também na produção de respostas na altura dos testes.
3) Quais as Palavras-Chave a reter? Quando a informação no seu todo já foi assimilada pelo aluno, o exercício de palavras-chave facilitará não só a avaliação da capacidade de encadeamento, como o nível de conhecimento adquirido. Como funciona? A partir da escrita de um conjunto de palavras-chave, o aluno deverá ser capaz de reproduzir a mensagem do texto, criando a ligação apenas com base nas palavras escritas, preenchendo o encadeamento entre elas com a informação “em falta”. Assim, apenas necessitará de um pequeno conjunto de palavras para recordar a mensagem.
4) Pratica a tua Memória Visual: Grande parte da informação que retemos é assimilada através da memória visual. Este é um mecanismo que, quando frequentemente trabalhado, é uma mais valia valiosa para o estudante pois através de imagens ou figuras consegue mentalmente aceder a conteúdo, sem recorrer à estrutura frásica. Esta é uma técnica eficiente em matérias como geografia em que há recurso a mapas.
5) Lê e Relê – a repetição ajuda na compreensão: Ler novamente um texto ou resumo ajuda não só na memorização dos termos mais difíceis, mas também na própria compreensão do que é lido. A importância da leitura não reside na quantidade de tempo dedicado à leitura da informação, mas à atenção dedicada a essa mesma leitura. Sobretudo é imperativo ler com atenção e foco, por pequenos períodos de tempo, pois está comprovado que há maior retenção e acomodação de informação na leitura em curtos períodos comparativamente com períodos mais extensos. No final da leitura, o aluno deve rever mentalmente o quanto se recorda do que foi lido e o nível de compreensão dessa mesma informação.
6) Questiona! Mais do que decorar é importante entenderes o “Porquê?”: O cerne do estudo reside principalmente na informação que é compreendida e à qual é atribuída significância. Informações compreendidas revelam maior permanência ao longo do tempo, pois não são noções meramente decoradas. Esta é uma técnica importante não só para o estudo, mas para o desenvolvimento de competências como a curiosidade, que contribuem para o alargamento e diversidade de conhecimentos, na medida em que, conhecimento gera conhecimento.
7) Relaciona as Matérias: Associar conceitos, relacionar matérias e acontecimentos, requer intrinsecamente um conhecimento mais aprofundado de determinada temática. Assim sendo, esta é uma competência que apela a uma maior reflexão da forma como uma nova informação está relacionada com outra anteriormente adquirida. Naturalmente, esta técnica é mais frequentemente utilizada ao nível do ensino secundário e ensino superior.
8) Faz um Estudo Intercalado: Na organização do estudo, frequentemente os alunos tendem a priorizar as matérias ou disciplinas nas quais têm mais sucesso em detrimento daquelas nas quais encontram maior dificuldade. Consequentemente estas disciplinas ficam inevitavelmente para segundo plano ou como “última tarefa” no tempo de estudo. Quando tal acontece as desvantagens são inúmeras; aumenta o desagrado do aluno no estudo dessa matéria, o esforço necessário é superior pois nesta altura o estudante já se encontra mais cansado o que pode conduz frequentemente ao fracasso e ao reforço da associação negativa com a dita disciplina. Na organização do estudo o aluno deverá começar pela disciplina menos agradável, isto porque no início do tempo de estudo estará mais relaxado e disponível para a aprendizagem. As disciplinas com as quais o estudante tem mais facilidade deverão ser deixadas para o fim do horário de estudo ou intercaladas com as mais difíceis, como forma de motivação.
9) Testes Práticos nunca são demais! Os testes ou fichas são, depois de todas as outras técnicas postas em práticas, um método eficaz de avaliar o nível de conhecimento e preparação do aluno. A realização de pequenos exercícios prepara o estudante para o momento da avaliação e para o tipo de questões que nele podem constar. A própria correção destas fichas é um bom método de aprendizagem pois desperta o aluno para erros mais frequentes ou matérias que necessitam de maior atenção.
10) Organiza o estudo ao longo dos dias e não na véspera: Grande parte dos estudantes tende a rever a matérias poucos dias antes dos testes ou mesmo na véspera. Este é o erro mais comumente cometido pelos alunos! Além do estudo não ser tão eficaz, imprime no aluno uma ansiedade e pressão desnecessárias, associando frequentemente o momento de avaliação ao nervosismo e stresse. Quanto mais bem preparado e tranquilo o aluno estiver, maior é a probabilidade de sucesso. O bom desempenho prende-se com a certeza de uma boa base e para tal é imperativo que também o estudo seja realizado de forma tranquila e organizada.
Algumas das técnicas por si só podem parecem demasiado simples ou foram já experimentadas anteriormente sem sucesso. Naturalmente que estas estratégias devem ser aplicadas ao longo de todo o ano letivo e não apenas nos dias anteriores ao teste. Deverão ser executadas de forma organizada e sistemática, como um treino ou hábito, pois serão também mais fáceis de manter ao longo do tempo. Sobretudo o importante é a aquisição de Hábitos de Estudo!
GAP - Gabinete de Psicologia da Academia Ramiro Freitas